Zico apoia o Viva Rio na ajuda aos imigrantes haitianos

“O futebol tem o poder de unir nações, como Haiti e Brasil”. A declaração de Zico, ídolo do futebol mundial, concluiu os trabalhos do primeiro dia do Circuito Haitiano de História e Arte, promovido pelo Viva Rio na Escola Municipal Haiti, em Quintino. A data escolhida para o início do circuito é o Dia da Bandeira Haitiana, uma das celebrações mais importantes para o país caribenho.

A participação do ex-jogador, que estudou na escola na década de 60, causou um verdadeiro alvoroço entre os alunos. O jogador lembrou que o brasileiro é um povo acolhedor e, com mais informações, poderão dar uma recepção melhor aos haitianos. “Acho que qualquer problema com o ser humano é sempre complicado. Se a gente puder acolher de uma forma humana e civilizada, é sempre bom”.

 

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Zico ao lado do embaixador haitiano no Brasil, Chérubin. O encontro celebrou a união entre as nações | Foto: Paulo Barros

Representante maior da diplomacia haitiana no Brasil, o embaixador Madsen Chérubin destacou que “o futebol e o Brasil faz parte da história de paz do Haiti”, à exemplo do Jogo da Paz, como ficou conhecido uma partida amistosa de futebol realizada no dia 18 de Agosto de 2004, no Estádio Sylvio Cator, na cidade de Porto Príncipe, capital do Haiti, entre a Seleção Brasileira de Futebol e a Seleção Haitiana. A partida tinha como objetivo iniciar uma campanha de desarmamento naquele país, que vivia uma guerra civil desde a comemoração do bicentenário de sua independência, em Janeiro de 2004.

Chérubin declarou que estava honrado de participar da ação. “Acho que é uma maneira de fazer conhecer melhor o Haiti e talvez ver semelhanças com nossa história, que faz parte do conjunto da história de toda a nossa América”. Para o embaixador, o Haiti ficou mais conhecido no Brasil depois do terremoto de janeiro de 2010 e também pela presença das tropas brasileiras e da migração haitiana. “Mas tem algo que a gente gostaria de exaltar, que é a nossa história, que tem que ver com o caminho da liberdade em nosso continente”.

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Para Rubem, o Rio precisa de maior consciência para lidar com a questão migratória | Foto: Paulo Barros

Diretor executivo do Viva Rio, Rubem César Fernandes acredita que o Rio de Janeiro precisa de maior consciência para lidar com a imigração. “A gente não tem uma experiência direta de migração recente. Não temos uma consciência forte de como tratar o migrante.”

Rubem defendeu que o caminho para melhorar esse cenário é investir nas novas gerações, a fim de preparar a população para a chegada cada vez maior de estrangeiros. “Não só haitianos, mas também da África e do Oriente Médio. O país ainda é procurado porque, apesar de tudo, não tem guerra civil, nem guerra com os vizinhos. E o Brasil é um país aberto.”

Nascida no Haiti, a estudante da UFRJ Marina Mathieu acredita que o brasileiro não tem preconceito especificamente com o povo haitiano. Na avaliação dela, ao chegar ao Brasil, a pessoa nascida no Haiti, muitas vezes negra, enfrenta o preconceito racial. “A discriminação não é contra os haitianos, mas contra as pessoas negras no geral. E isso é no mundo, e não é só no Brasil.” Ela considera que, no caso das mulheres, o problema tem agravante. “A percepção da mulher negra é muito sexualizada, é de que ela está aqui para ser o bumbum, para o ser exotismo. Aqui, e no Haiti, a cultura machista está muito forte”.

A ação foi uma iniciativa do portal Haiti Aqui, projeto do Viva Rio que auxilia os mais de 50 mil imigrantes haitianos no Brasil, com oportunidades de emprego e informações detalhadas para a obtenção de documentos como identidade, CPF e carteira de trabalho. O site também mostra um pouco da cultura caribenha para os brasileiros através do programa radiofônico “Voz do Haiti”, da Radio Viva Rio, produzidos e elaborados por haitianos.

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Marina Mathieu ajudou na encenação da peça que contou a história do surgimento do Haiti | Foto: Paulo Barros

Acesse o portal Haiti Aqui 

O evento é parte das celebrações do Circuito Haitiano de História e Arte, realizado entre os dias 18 e 30 de maio no Rio de Janeiro e 18 e 22 de maio em São Paulo, que vai promover a cultura e a história do país caribenho, bem como debater a diáspora haitiana no Brasil. A ação conta com o apoio da Embaixada do Haiti, Secretaria Municipal de Educação, Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, Universidade Zumbi dos Palmares, CineAfro e  Núcleo de Pesquisa em Cultura e Economia (NuCEC) do Museu Nacional.

 

(Texto Flávia Ferreira, com informações da Agência Brasil | Fotos: Paulo Barros)

 

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