Haiti transforma vidas através da dança

Foram muitas as marcas deixadas pelo terremoto que atingiu o Haiti em 2010. Uma delas foi a criação da Cia de Dança Aochan Creole, que completou quatro anos este ano. O projeto surgiu com a proposta de oferecer aulas de dança e folclore haitiano para a população que tentava superar o sofrimento provocado pelo abalo sísmico, mas, ao decorrer do tempo, acabou se transformando em um instrumento para a mudança social.

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coordenadora do projeto, Aila Machado (dir.) dança com Booj Yandy (esq.): ela acredita que o Aochan Creole possibilita uma mudança de postura nos alunos

Nesse curto período, mais de mil crianças e jovens já passaram pelo projeto que foi pensado para proporcionar um ambiente agradável e educativo, além de possibilitar o desenvolvimento das potencialidades artísticas, autoestima e consciência cidadã dos haitianos. Assistente e bailarina da companhia, Role Bertine, 26 anos, afirmou que o Aochan Creole ajudou a amenizar o sofrimento dos alunos que dele participam.

“Nós passamos por uma catástrofe muito grave e chegamos a pensar que não resistiríamos. O projeto nos ajudou a reconstruir nossas vidas, colocar nossos pensamentos em ordem e conhecer coisas novas. Para mim, foi um período de renovação e redescoberta”, disse Role Bertine.

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Role Bertine caracterizada de Haiti durante apresentação da companhia em terras brasileiras: para ela, a companhia transformou a vida de muitos haitianos

No inicio deste mês, para celebrar os quatro anos de atividade, foi realizado um evento comemorativo em Kay Nou. Na ocasião, aproximadamente 180 alunos do projeto se apresentaram em performances de dança-teatro para mais de 300 pessoas. Na plateia, além de pais e amigos, também estavam presentes representantes da Cruz Vermelha, Agence France-Presse, UNICEF, ONU e militares da Minustah.

O Aochan Creole não tem a ambição de formar artistas de alto rendimento, pois se define como um lugar de descoberta das possibilidades e potencialidades pessoais e coletivas. Coordenadora e coreografa da companhia, Aila Machado, explicou que “uma criança que frequenta as aulas pode não se tornar um bailarino, mas vai descobrir que é capaz de ser o que quiser se acreditar e trabalhar para isso”.

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Cena que representa os campos haitianos, durante apresentação no Brasil: através da dança, alunos representam a cultura e o folclore do país caribenho

Para a coordenadora, as crianças que participam do projeto já são mais seguras, confiantes e saudáveis física e mentalmente. “No dia a dia, as mães ficam tranquilas sabendo que seus filhos estão conosco, ao invés de estarem nas ruas, vulneráveis a violência, ou a más influências, elas sabem que estão aprendendo algo útil, que estão em um ambiente saudável, convivendo com outras crianças”.

 

(Texto: Flávia Ferreira/Fotos Arquivo)

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