Livro mostra monitoramento das Ilhas Cagarras

As belezas e riquezas das Ilhas Cagarras, distantes apenas 4 quilômetros da praia de Ipanema, no Rio de Janeiro, são reveladas no livro “História, Pesquisa e Biodiversidade do Monumento Natural das Ilhas Cagarras”. A publicação é uma produção do Instituto Mar Adentro, membro do Conselho Consultivo do Monumento Natural do Arquipélago das Ilhas Cagarras ao lado do Viva Rio.

Este é o primeiro livro científico publicado sobre a ilha com registros da biodiversidade da região levantados pelos mais de 40 pesquisadores durante dois anos de mapeamento. A publicação será distribuída gratuitamente para museus, escolas, universidades e bibliotecas do Brasil, Europa, África, Américas e Oceania.

As 300 páginas que compõem a obra são ilustrada por aquarelas e cerca de 500 fotos

O coordenador do Projeto Ilhas do Rio, Carlos Rangel, explicou que a publicação traz um panorama inédito da vida na ilha. “Queríamos divulgar informações inéditas para a sociedade sobre a unidade de conservação e sua biodiversidade, uma vez que não se tinha uma pesquisa completa que mapeasse todo o arquipélago”, disse Rangel. Ele acredita que este livro será uma plataforma para elucidar questões importantes de conservação.

As 300 páginas que compõem a obra são ilustrada por aquarelas e cerca de 500 fotos, incluindo aéreas, terrestres e submarinas. Dividido em 12 capítulos, o livro traz informações históricas, dados geológicos das ilhas, além de conteúdo científico completo sobre a biodiversidade da região, que em 2010 foi decretada Monumento Natural, tornando-se a primeira Unidade de Conservação Marinha de Proteção Integral do litoral carioca.

 

O famoso arquipélago das ilhas Cagarras é integrado por sete ilhas e diversos rochedos

 

Ao todo, foram mais de 600 espécies identificadas e listadas para os limites da Unidade de Conservação, além de outras 100 pescadas no seu entorno pelos pescadores artesanais da Colônia de Copacabana (Z-13).

Cerca de cinco mil Fragatas habitam a Ilha Cagarras, colocando-o como o segundo maior ninho da espécie no litoral brasileiro.

O livro também identificou que desde 2011 o golfinho Flíper não foi vista no arquipélago que é considerado uma área de cria para os filhotes. Ainda de acordo com o levantamento, foram registradas 50 espécies de algas, 135 de peixes e 157 de invertebrados bentônicos, dentre as quais sete são provavelmente novas para a ciência, o que ressalta a importância dos estudos sobre a biodiversidade nas ilhas.

 

A gaivota Laurus Dominicanus , comum na região, foi uma das espécies mapeada durante a pesquisa

 

A qualidade das águas e dos poluentes das Ilhas Cagarras e seu entorno também foram fonte de estudo. No total, foram analisadas 48 amostras, coletadas mensalmente entre agosto de 2011 e julho de 2012 para determinação de parâmetros físicos, químicos e microbiológicos. A qualidade das águas nas ilhas mais afastadas das fontes de poluição é melhor, mas notou-se uma forte influência negativa das águas poluídas da Baía de Guanabara e do Emissário Submarino de Esgoto de Ipanema (ESEI), podendo influenciar na biodiversidade marinha da Unidade de Conservação.

Os estudos sobre a flora também são destaque na publicação. O levantamento apresentou 157 espécies distribuídas desde ervas a árvores, entre elas a presença do capim-colonião (Megathyrsus maximus) e da Gymnanthes nervosa, que não era registrada no município do Rio de Janeiro desde a década de 1940.

 

Em abril de 2010 as Ilhas se tornaram a primeira unidade de conservação marinha de proteção integral da cidade do Rio. A ilha serve de moradia para diversas espécies de animais, entre eles o golfinho fliper

 

A obra traz ainda um capítulo exclusivo com fotos e informações inéditas sobre um achado inesperado feito na parte alta da Ilha Redonda. Após alcançar o ponto pela primeira vez, pesquisadores do projeto encontraram um sítio arqueológico Tupi-Guarani, com cacos de cerâmicas (oriundos de objetos diversos) e artefatos líticos – incluindo fantásticos machados de pedra polida.

Para completar o livro traz ainda um capítulo exclusivo para visitantes e agentes de turismo com dicas, descrição das atividades praticadas no entorno e as regras que devem ser seguidas para aproveitar o local de forma consciente.

A obra tem tiragem de 3 mil exemplares, é o número 48 da Série Livros do Museu Nacional. Será distribuída gratuitamente para instituições de ensino públicas e privadas, museus e bibliotecas das principais capitais do país e mais 170 bibliotecas de referência em História Natural de diversos países do mundo, incluindo Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia, África do Sul, Namíbia, Paquistão, Espanha, França, Inglaterra, México, Colômbia, Argentina, Japão, Costa Rica, Alemanha, Itália, Suíça, entre outros.

 

Mais de 40 pesquisadores estiveram envolvidos no trabalho de mapeamento das Cagarras

 

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