Influências da alimentação na Qualidade de Vida

Saúde é “o completo bem-estar e pleno desenvolvimento das potencialidades físicas, psicoemocionais e sociais e não a mera ausência de doenças ou enfermidade”. O conceito, criado em 1948 pela Organização Mundial de Saúde (OMS) por conta da preocupação em manter o bom estado de saúde das pessoas em todo o mundo, impera até hoje entre os profissionais da medicina e norteia as celebrações do Dia Mundial da Saúde, nesta terça-feira, 07 de abril.

A relação da alimentação, bem-estar físico e o pleno desenvolvimento mental e emocional existem desde a antiguidade, mas foram as doenças e epidemias que mostraram a importância de uma dieta completa, diversificada e harmônica. De acordo com Márcia Mattos, nutricionista e gerente do Centro Municipal de Saúde (CMS) Madre Teresa de Calcutá, em Bancários (Ilha do Governador), “uma alimentação saudável tem de incluir o consumo de nutrientes necessários para o bom funcionamento do corpo humano, uma vez que a boa alimentação é responsável pela manutenção da própria vida”.

 

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Para Márcia Mattos, alimentação saudável é o primeiro passo para o alcance da qualidade de vida

Nutricionista da mesma unidade, Valéria dos Santos afirmou que hábitos alimentares saudáveis devem estar presentes desde o aleitamento materno, atravessando o período da gestação, da amamentação exclusiva, até a complementar. “O consumo de alimentos diversificados influencia na manutenção do peso corpóreo saudável. Nesse sentido, os pais atuam como modelo de determinados padrões alimentares”.

Valéria comanda a oficina de aproveitamento integral dos alimentos para os usuários da unidade de saúde, na qual eles discutem a alimentação sob os aspectos culturais, nutricionais e econômicos. A oficina proporciona uma experiência culinária que mostra como preparar refeições de baixo custo, aproveitando ao máximo o sabor e os nutrientes dos alimentos. Esta atividade faz parte do conjunto de estratégias adotadas pelo CMS para melhorar os hábitos alimentares da população, elevando o nível de saúde e a qualidade de vida.

País de obesos

Atualmente, as doenças crônicas representam a principal causa de mortalidade e incapacidade no mundo, principalmente as cardiovasculares, diabetes, obesidade, colesterol elevado, câncer e doenças respiratórias. Pesquisa divulgada pela revista científica The Lancet apontou que, no Brasil,  70% da população adulta está acima do peso. Segundo o IBGE, 47,6% das crianças de 5 a 9 anos têm obesidade ou sobrepeso. Na faixa etária de 10 a 19 anos, um em cada quatro (26,45) está acima do peso. A obesidade é o terceiro de uma lista de problemas de saúde pública que mais pesa na economia no país, atrás de mortes violentas e alcoolismo, ainda na frente do tabagismo.

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“hábitos alimentares saudáveis devem estar presentes desde o aleitamento”, disse Valéria dos Santos

A principal causa dessas doenças está na alimentação baseada em produtos industrializados, frituras e carboidratos e no sedentarismo. Para Márcia, foi construído um cenário preocupante na população jovem do Brasil. “É comum encontrar jovens hipertensos, obesos e diabéticos nas escolas. Uma realidade que antigamente não existia, pois o maior problema era a desnutrição. Quando importamos a cultura americana, nos transformamos em um país de obesos”, lamenta.

Pesquisa realizada pela OMS e a Organização Pan-Americana da Saúde aponta que esse novo cenário é fruto da urbanização, desenvolvimento econômico e da crescente globalização do mercado de alimentos. As organizações afirmam que a dieta seguida pela população produziu uma série de desequilíbrios nutricionais, causados pelo consumo excessivo de gorduras saturadas e transaturadas; alta ingestão de sódio e baixo consumo de potássio; consumo excessivo de calorias; diminuição da ingestão de alimentos ricos em carboidratos complexos e em fibras; e pelo elevado consumo de açúcares refinados e deficiência seletiva de algumas vitaminas e minerais, associados ao excesso de consumo de bebidas, principalmente as alcoólicas.

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O CMS Madre Teresa de Calcutá, em Bancários promove oficina de aproveitamento integral dos alimentos

Qualidade de vida
Para Valéria, “é necessário desencorajar o consumo de alimentos industrializados para que as famílias passem a ter mais contato entre si e a alimentação volte a ser divertida e resgate boas memórias. Vai além da qualidade do que se come”, propõe.

A gerente da unidade acredita que com a tecnologia e a praticidade, perdeu-se muito da qualidade de vida. “Hoje em dia, as pessoas se alimentam sem prestar atenção ao que comem. Quando você não reserva tempo só para as refeições, o cérebro não aciona o mecanismo de fome e saciedade e seu organismo sempre pede mais comida”, ensina.

É essencial ter uma alimentação equilibrada, de três em três horas, com a ingestão de frutas e verduras, bem como a prática regular de atividades físicas, pois esses fatores podem controlar e reduzir a pressão arterial, diminuir o percentual de gordura e melhorar o metabolismo da glicose. Dados da OMS apontam que a baixa ingestão de frutas e verduras causa 19% do câncer gastrointestinal, 31% das cardiopatias isquêmicas e 11% dos acidentes vasculares cerebrais. Cerca de 2,7 milhões de óbitos podem ser atribuídos à baixa ingestão desses alimentos.

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Na tabela acima, estão descritos alguns exemplos de compostos presentes nos alimentos funcionais e seus respectivos benefícios à saúde

Para Márcia e Valéria, é preciso compreender que a alimentação normal deve ser quantitativamente suficiente, qualitativamente completa, adequada à sua finalidade e ao organismo a que se destina. “O equilíbro dessas funções é necessário para que se possa ter saúde e, consequentemente, qualidade de vida”.

(Texto: Flávia Ferreira|Foto: Paulo Barros)

 

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