Brinquedotecas auxiliam na superação de traumas

Despertar o gosto pela brincadeira através de atividades que estimulem o raciocínio lógico, a sociabilização e a superação de possíveis traumas sofridos na infância é o objetivo da Brinquedoteca, projeto realizado pelo setor de Educação do Viva Rio. O espaço desenvolve atividades lúdico-pedagógicas como jogos, teatro de fantoches, leitura e estimulação a musicalidade. Em um mês de existência, mais de 600 crianças e adolescentes já foram beneficiadas.

O projeto atua em quatro locais: CMS Rinaldo de Lamare, na Rocinha; Casa de Cultura Milton Santos, na Penha; Clinica da Família Manuel Fernandes de Araujo “Seu Neco”, na Pavuna; e Centro de Atenção Psicossocial da Infância (CAPSi) Mauricio de Souza, na Urca. Os três primeiros atendem crianças com faixa etária entre 2 e 10 anos e o último até 18 anos.

A Brinquedoteca contribui no atendimento das crianças e adolescentes do CAPSi Mauricio de Souza

Diretora do CAPSi desde 2009, a psicóloga Maria Jacintha Costa de Franca afirmou que a Brinquedoteca contribui no atendimento dos usuários da unidade. “Uma criança não pode ficar em tratamento várias horas. É preciso que ela brinque de maneira livre, pois isso é fundamental para o desenvolvimento psíquico”.

Maria Jacintha ressaltou que, diferente do adulto, a criança nem sempre consegue usar o recurso da fala para verbalizar seus sentimentos e anseios. “O brincar é a maneira que elas têm de expressar o que está acontecendo, o que pensam do mundo e da vida”.

 

Para a diretora do CAPSi, Maria Jacintha, “o brincar de maneira livre contribui para o desenvolvimento psíquico da criança”

A forma como os atendidos interagem com os brinquedos mostra que muitos desconhecem os objetos. A diretora, com mais de 10 anos de atuação em Centro de Atenção Psicossocial Infantil, informa que muitas crianças viviam internadas na própria casa, sem acesso a brinquedos e reféns da televisão. “Isso não contribuía para o desenvolvimento deles”. A unidade acompanha casos de grande sofrimento psíquico. São autistas, psicóticos, esquizofrênicos e usuários de crack.

Psicopedagoga e supervisora do projeto, Hellen Ribeiro indica que todas as ações têm com eixo principal o desenvolvimento cognitivo, sensorial, social e criativo, contribuindo para minimizar traumas psicológicos obtidos na infância. “Nesse espaço, elas são estimuladas a explorar as suas curiosidades, ajudando na sociabilização e compartilhamento de alegrias”, afirmou.

A brincadeira é essencial à saúde física, emocional e intelectual do ser humano. Para a coordenadora, brincar é apenas um jeito gostoso de aprender na medida em que é brincando que “a criança mergulha na vida sentindo-a na dimensão de suas potencialidades”. A coordenadora acrescenta que, no mundo contemporâneo, nem todas dispõem de oportunidades reais e iguais de exercerem a infância. “Nesse sentido a brinquedoteca se torna indispensável”.

As crianças atendidas pela Clinica Manuel Fernandes de Araujo “Seu Neco” também foram beneficiadas com o projeto

Outras duas brinquedotecas irão iniciar as atividades neste mês, no Complexo da Maré e entre a comunidade do Santo Amaro e Tavares Bastos. Coordenador do setor de Educação, o psicopedagogo Alex de Góes sinaliza que esta experiência tem como objetivo ser um diferencial na gestão da estratégia da Saúde da Família. “Esperamos que no ano de 2014, esta prática possa ser replicada em todas as Clinicas de Saúde da Família para que mais crianças e famílias possam ser beneficiadas”, informou.

Texto: Flávia Ferreira

Postado em Notícias na tag .