Cresce a importância da mulher no universo do trabalho

A ideia de que lugar de mulher “é dentro de casa” está completamente ultrapassada. Depois de anos de luta por um espaço digno, acesso à educação e liberdade de escolha, as mulheres estão conquistando cada vez mais espaço no mercado de trabalho, estimulando debates por direitos igualitários e o reconhecimento de seus esforços, principalmente à véspera das comemorações pelo Dia Internacional da Mulher, neste domingo, dia 08 de março.

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Agente comunitária de saúde da Clinica da Família Pavão Pavãozinho e Cantagalo aborda moradora para falar sobre os perigos da Dengue. A unidade é uma das mais de 60 administradas pelo Viva Rio no município do Rio | Foto Clinica da Família Pavão, Pavãozinho e Cantagalo

Estudo divulgado estudo realizado pela Serasa Experian revelou que o Brasil possui mais de 5,690 milhões de mulheres empreendedoras. Isso significa que 43% dos donos de negócios são do sexo feminino, contra 57% do sexo masculino. Do total das empresas ativas no Brasil, 30% têm mulheres como sócias, sendo que 73% são sócias de micro ou pequenas empresas. O percentual sobe para 98,5% quando contabilizamos, também, as empresas do tipo MEI (Micro Empreendedor Individual).

Informações divulgadas pela Organização Mundial do Trabalho (OIT – sigla em inglês) apontam que, no Brasil, entre 5% e 10% de cargos de chefia e CEOs de empresas são ocupados por mulheres. Em relação aos cargos médios e seniors, o documento mostra que, por aqui, a mão de obra feminina neste nível chegou a 37,3% em 2012.

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Integrantes da Cooperativa de Corte e Costura da Casa de Cultura Milton Santos, Do Viva Rio, trabalham juntas na produção das peças. Além de gerar de renda, a atividade funciona como terapia e uma chance de recomeço | Foto: Vitor Madeira

Para o Diretor-geral da OIT, Guy Ryder, a presença das mulheres no Mercado de trabalho é cada vez mais importante para o crescimento econômico e desenvolvimento das empresas a. “As mulheres estão administrando mais negócios, e as decisões do consumo estão cada vez mais nas mãos femininas, então é necessário reconhecer e apoiar suas habilidades, porque elas representam um agregado incrível de talento”.

Ryder alertou para o fato de esta realidade ser frequentemente negligenciada. “Elas ainda têm de lidar com uma série de obstáculos para chegar ao cargo de CEO ou membro de diretoria, pois continuam a ser excluídas do nível superior de tomada de decisões econômicas”.

 

 

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O Diretor-geral da OIT, Guy Ryder, acredita que a presença das mulheres no Mercado de trabalho é cada vez mais importante para o crescimento econômico | Foto: ONU

No Viva Rio, as mulheres são 74% (4.387) do quadro de colaboradores, de um universo de 5.955 pessoas. Em cargos de liderança, elas somam 56,1%. A vice-diretora da organização, Carol Caçador, acredita que os dados significam um crescimento significativo e importante para o avanço da mulher no mundo do trabalho, diminuindo a desigualdade em relação à ocupação.

“Acredito que no Viva Rio buscamos sempre aproveitar melhor o potencial de cada um, independente do gênero. No entanto, mulheres têm características peculiares e tendem a qualificar ainda mais o trabalho de liderança, com maior tempo de estudo, dedicação, sensibilidade e organização, além de terem uma visão mais ampla por conta de suas multitarefas”, pondera a vice-diretora .

Carol acredita que as maiores dificuldades das mulheres no mercado de trabalho estão em superar as desigualdades salariais e em conciliar a vida pessoal com a profissional. “Estudos apontam que o rendimento da mulher está subindo, entretanto muitas vezes elas exercem a mesma função que os homens por salários inferiores. Outra grande dificuldade é conciliar as tarefas da casa, dos filhos e da família com o trabalho. Cabe às empresas ter um novo olhar sobre essas mulheres, apoiando suas necessidades pessoais e sociais”.

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O estudo da OIT revela que “a menos que se façam ações imediatas, serão necessários 100 ou 200 anos para que se alcance uma paridade em relação aos altos cargos”.

Origem da data
Em 8 de março de 1857, mais de uma centena de operárias de uma fábrica de tecido de Nova Iorque se mobilizaram para reivindicar melhores condições de trabalho, à época subumanas. Incluíam agressões físicas, sexuais e uma jornada muito extensa. Elas pediam que o tempo de permanência na fábrica fosse reduzido para 10 horas diárias. A resposta dos patrões e da polícia foi muito violenta e fez com que as mulheres ficassem presas no estabelecimento, que foi incendiado, causando a morte de todas elas.

O dia da mulher se tornou oficial em 1910, durante uma conferência na Dinamarca, e se firmou como uma proposta de debate e de reflexão sobre o papel da mulher na sociedade, seus avanços e as formas de desvalorização que ainda persistem.

(Texto: Flávia Ferreira)

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