Centro de Atenção Psicossocial de portas abertas na Rocinha

As oficinas terapêuticas e os encontros também são abertos aos familiares

Há dois anos, o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS III) Maria do Socorro Santos está de portas abertas para os pacientes em sofrimento mental grave da Rocinha, Vidigal e outros bairros próximos. Além do atendimento e acompanhamento, realizados por uma equipe multiprofissional, o centro prioriza a reinserção social e fortalece os laços familiares e comunitários dos pacientes com transtornos mentais, oferecendo uma rede de serviços, trabalho e lazer.

Inaugurado em março de 2010, já atendeu mais de 1700 pacientes. O nome do centro é uma homenagem a uma paciente que, ao longo da década de 90, foi internada mais de 20 vezes, mas que somente depois de frequentar um CAPS conseguiu iniciar o seu processo de recuperação. Nas oficinas terapêuticas, ela se aperfeiçoou na grande paixão da sua vida e se tornou pintora. Maria do Socorro Santos, que faleceu em 2005, foi uma das principais militantes do movimento da luta antimanicomial no Brasil.

Exposição de quadros de pacientes do CAPS no Espaço de Artes Maria do Socorro Santos

Os pacientes do CAPS participam de oficinas terapêuticas e comunitárias direcionadas para geração de renda e trabalho. As reuniões e atividades oferecidas são abertas aos familiares dos pacientes, que também podem utilizar os serviços das equipes de Saúde da Família e da Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) da Rocinha. “A ideia é justamente passar do modelo onde o hospital é o centro do processo para um modelo que utiliza uma rede de serviços comunitários, sem reproduzir práticas manicomiais”, explica a diretora do centro, a psicóloga Paula Urzua Taleikis.

As atividades oferecidas são voltadas para o lazer e a geração de renda

No Espaço de Artes Maria do Socorro Santos, os pacientes são estimulados a exercer a livre expressão através da pintura. A arte é utilizada como um instrumento de promoção de saúde. Além das oficinas de pintura, são realizados eventos culturais, como vernissages com os quadros pintados nas oficinas e rodas de poesia e de música. Outra opção de atividade oferecida é a oficina de Hip Hop.

No serviço são realizadas a ambiência e a recepção do paciente, além de avaliações diagnósticas, atendimentos psicossociais e consultas emergenciais. O atendimento a pacientes em crise funciona 24 horas por dia. “É fundamental garantir o acesso, o acolhimento e o acompanhamento dos pacientes o tempo todo e especialmente nos momentos de crise. Temos uma equipe multiprofissional que maneja as situações durante todo o período de funcionamento do centro”, conta Paula Urzua Taleikis. O CAPS tem cinco leitos disponíveis para o acolhimento noturno e os pacientes recebem atendimento individual e em grupo.

O CAPS Maria do Socorro Santos também participa de um programa de residência em saúde mental e saúde da família e se articula com outros serviços da rede de saúde, de saúde mental e de outros setores e organizações do território.

Fotos: Marcia Farias

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